Conforme cita
Guimarães, Filho e Correia (2009), conceitualmente desenvolvimento sustentável
seria capaz de utilizar dos recursos que a natureza nos oferece, para suprir as
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as
necessidades das futuras gerações. Trata-se do desenvolvimento que não esgota
os recursos, onde uma árvore é tirada, outra é replantada. Objetivamente, o seu
intuito é reduzir a taxa em que os recursos naturais são utilizados, reduzir a
quantidade de poluição criada, proporcionando produtos em quantidade suficiente
para satisfazer as necessidades básicas da população.
Já a biotecnologia pode ser definida como “a
aplicação de princípios científicos para o processamento de materiais, através
de agentes biológicos, para prover bens e assegurar serviços (GUIMARÃES, FILHO
E CORREIA;2009)”.
Com o passar do tempo, está sendo notado
que, a preocupação dos governantes com o bem estar não só da população, mas
também, do meio ambiente; vem crescendo exponencialmente. Prova disso são os
vários projetos criados a fim de estimular a população a cuidar de algo que
pertence a ela mesma.
Por
este motivo, um dos grandes desafios deste novo século é permitir o avanço
consciente e tentar estabelecer numa sociedade voltada para o capitalismo um
consumo racional de produtos que possam provocar danos ambientais e aumentar o
consumo dos produtos ecologicamente corretos. Nesse sentido, o desenvolvimento
sustentável visa reduzir o desperdício e a poluição ambiental, bem como a
diminuição dos recursos energéticos. A fim de ser sustentável a biotecnologia
deve ser economicamente viável e socialmente responsável para além de ser
ambientalmente amigável, apresentar um custo benefício, antes que possa ser
aceito pela indústria.
De acordo com levantamento feito pelo Water Resources Group, a
agricultura é responsável por aproximadamente 71% do consumo de água em todo o
planeta (o equivalente a 3,1 bilhões de m³). A adoção da biotecnologia no setor
primário já está promovendo um uso mais eficiente desse recurso natural. O
cultivo de plantas geneticamente modificadas (GM) tolerantes a defensivos
químicos racionaliza a água usada para as pulverizações. Levantamento da
Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM) e da Céleres Ambiental
revela que, entre os anos de 2010 e 2020, o uso dessas variedades na
agricultura brasileira poderá economizar aproximadamente 134 bilhões de litros
de água – quantidade suficiente para abastecer Recife e Porto Alegre por um
ano.
Outra consequência positiva indireta da adoção de transgênicos na
agricultura é a redução da emissão de CO2 na atmosfera. Isso acontece
porque, como as lavouras GM tem manejo facilitado, há menos necessidade do uso
das máquinas agrícolas, reduzindo, assim, o uso de combustível responsável pela
liberação do CO2. Adicionalmente, há o benefício associado da
preservação do solo que é menos compactado por esse maquinário. As vantagens
agronômicas que as sementes transgênicas oferecem resultam em menos perdas em
razão de plantas invasoras ou ataques de insetos, e isso significa aumento de
produtividade por área plantada. Em última análise, a biotecnologia reduz a
pressão por novas áreas agricultáveis, preservando, dessa maneira, também as
florestas e vegetações nativas que sequestram carbono e mitigam os efeitos do
aquecimento global.
Além da contribuição que a
biotecnologia já está dando para a preservação do meio ambiente, a técnica da
modificação genética tem o potencial de fazer ainda mais. Uma pesquisa
realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem como
objetivo identificar os genes que fazem com que algumas plantas absorvam metais
pesados em grande quantidade. Uma vez desvendado esse mecanismo genético, a
biotecnologia poderia contribuir, por exemplo, superexpressando esse(s)
gene(s). O resultado seria o desenvolvimento de variedades transgênicas não
comestíveis com alta capacidade de absorção, utilizadas para recuperação de
solos e águas contaminadas com metais pesados.
Outras plantas em fase de estudo são variedades geneticamente
modificadas para serem resistentes à seca. Empresas públicas e privadas do
Brasil e do mundo estão desenvolvendo, por exemplo, canas-de-açúcar, sojas e
trigos que tolerariam melhor a escassez de água do que suas versões
convencionais. Isso representaria não só a economia desse recurso natural como
permitiria a agricultura em solos que hoje sofrem com a falta de chuvas ou reduzido
acesso a outras fontes de recursos hídricos. Mais uma vez, as florestas seriam
preservadas.
Dessa forma, conclui-se que não resta dúvida de que a associação entre
biotecnologia e meio ambiente já auxilia para a sustentabilidade e preservação
dos nossos tão preciosos recursos naturais.