Primeiros engenheiros surdos do Centro-Oeste formam
em Divinópolis
Eles contam como foi estudar com não surdos e
conquistar graduação.
Concluir uma
graduação é uma conquista para muitos jovens por todo o país. Mas para dois
alunos de Engenharia de Produção em Divinópolis, essa vitória
é ainda maior. Mariana de Oliveira Ferreira, de 25 anos, e Felipe de Oliveira
Ferreira, de 27, são irmãos e decidiram vivenciar juntos também os cinco anos
da graduação. Além disso, eles estão fazendo história como os primeiros
estudantes com deficiência auditiva a se formarem como engenheiros de produção
no Centro-Oeste de Minas, segundo um levantamento da Fundação Educacional de
Divinópolis da Universidade do Estado de Minas Gerais (Funedi/Uemg),
instituição onde eles formaram. Assim como a maioria dos adolescentes, foi no
ensino médio que Mariana decidiu qual seria a profissão após ficar em dúvida
quanto a outras graduações. "Pensei em administração, contabilidade,
matemática e design de moda. Por fim optei por Engenharia de Produção",
recordou. Felipe, ao contrário da irmã, estava decidido quanto ao curso que
escolheria. "Não pensei em escolher outro. Até pensei em fazer ciências da
computação, mas no final eu queria mesmo era engenharia", afirmou. Segundo
a irmã, o apoio da família foi primordial na decisão de cursar o ensino
superior. "Na minha família muitos têm curso superior e sempre nos
direcionaram nos estudos. Meus pais sempre investiram na nossa educação,
pensando em um futuro melhor e na roda dos primos sempre falávamos sobre
vestibular e faculdade", contou Mariana. Segundo a professora e
coordenadora do curso, Vânia dos Santos Ventura, foi preciso que a instituição
se preparasse para receber os irmãos. "Como em toda mudança, também foram
enfrentadas algumas dificuldades, todos tiveram que aprender juntos. Houve
capacitação dos funcionários e a presença de uma intérprete. Mas acima de tudo,
aprendemos e ainda estamos aprendendo muito com eles", informou. Mas para
os irmãos, que já haviam estudado em escolas com outros alunos que não eram
surdos, essa adaptação transcorreu tranquilamente. "Algumas dificuldades
sempre enfrentei, pois tudo é um aprendizado, mas todo o processo foi
tranquilo. Eu conversava e aprendia normalmente com eles e todos muito curiosos
para aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras)", contou Felipe.
Mariana,
Felipe e os colegas de curso visitaram usina de Itaipu durante excursão da
faculdade.
Uma das
responsáveis por essa adaptação de Mariana e Felipe com a turma foi a
intérprete Graciele Kerlen Pereira Maia, que acompanhou os irmãos desde o
ensino fundamental até a graduação. "São 12 anos juntos. A história dos
dois é exemplo de superação, de sonho conquistado, luta com vitória. Por isso
fazem história como os primeiros surdos formados nesse curso no Centro-Oeste de
Minas e se tornam grandes exemplos para o reconhecimento dos surdos na
sociedade", disse a intérprete com orgulho. Ainda segundo a Graciele, os
irmãos nunca foram tratados de forma diferente aos demais colegas.
"Disciplinas, estágios, apresentações de trabalho, visitas técnicas foram
fornecidos assim como foram oferecidos aos outros alunos. E tiveram facilidades
e dificuldades assim como qualquer outro aluno", garantiu. A determinação
dos dois logo chamou a atenção da turma, que teve a oportunidade de aprender
com os novos colegas. "Foi uma questão de tempo para os colegas e
professores que não conheciam bem a cultura deles, conhecerem o nosso meio de
comunicação. Mas no final as aulas transcorrem normalmente", afirmou
Mariana. Assim, cada período passado era uma vitória para a dupla que estava
acostumada a encarar os desafios desde pequenos. "Esta etapa com meu irmão
foi como as outras. Estudamos juntos, conversas sobre as matérias. Sempre
tivemos esse companheirismo, como acontece com irmãos. Às vezes até mesmo com
algumas discussões", brincou Mariana. Sentimento compartilhado pelo irmão.
"Desde pequeno estudamos juntos e foi muito bom estudar com ela na
faculdade", acrescentou Felipe. Não foi só a presença na vida um do outro
que fez a diferença. Para Vânia, a presença dos dois alunos com deficiência
auditiva foi enriquecedora para a instituição e acrescentou uma nova visão ao
curso. "Criamos sinais para os termos da engenharia de produção, empresas
se adaptaram para receber os dois como estagiários, professores adequaram suas
aulas trazendo materiais visuais. A principal mudança foi a conquista do
respeito pelo sujeito surdo e a certeza de que hoje nós estamos mais preparados
para recebermos alunos como os dois", argumentou a coordenadora. Cinco
anos depois de iniciar a graduação, chegou a hora da formatura e a
responsabilidade de se tornar um engenheiro de produção. Uma etapa que os
irmãos se dizem preparados para encarar. "Essa formatura é um momento
muito importante na minha vida. Repleta de desafios, ensinamentos, dedicação,
luta, estudo, momentos de dificuldades, alegrias. É um crescimento de uma vida
pessoal e acadêmico", disse Mariana. Também de novos desafios no mercado
de trabalho. Felipe disse estar preparado para estudar as propostas que
apareceram, assim como Mariana. "Ainda não recebi propostas para trabalhar
após a formatura, mas fui contratada por uma empresa como jovem aprendiz.
Acredito que posso ser contratada na minha profissão com concursos", disse
a jovem. Para que consigam se firmar no mercado, os irmãos contarão com a
torcida não só da família, mas também de quem os acompanhou de perto ao longo
da graduação. "Desejo a eles muito sucesso. Tudo que eles passaram é pela
a concretização de um grande sonho, uma prova de como cresceram com toda essa
trajetória. Seja qual for o caminho que eles trilharem, confio que conquistarão
ainda mais vitórias. Jamais me esquecerei deles, porque eu os amo",
declarou a intérprete Graciele.
É muito importante ter conhecimento de uma notícia como essa. Essa felicidade tenho certeza que foi sentida de um modo bem maior nesta comunidade tão rica quanto aos dos surdos. Alcançar tal feito é uma realização grandiosa e surti efeito motivador em outros surdos, (ou mudos, ou cegos) para que eles possam sempre seguir em frente.
Fonte. Disponível em: <http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2014/01/primeiros-engenheiros-surdos-do-centro-oeste-formam-em-divinopolis.html>
Que interessante esta reportagem Lara.Isto é uma prova que quando se realmente quer ter um diploma as dificuldades são apenas detalhes.E o incrível é que eles estudavam em uma turmas regulares.É realmente um exemplo de superação. É emocionante quando ela cita “Essa formatura é um momento muito importante na minha vida. Repleta de desafios, ensinamentos, dedicação, luta, estudo, momentos de dificuldades, alegrias. É um crescimento de uma vida pessoal e acadêmico"
ResponderExcluirUma história de superação, tendo em vista as dificuldades que ainda existem no ensino de pessoas surdas.
ResponderExcluirPostagem interessante, é uma luta vencida para essas pessoas, podemos ver que não devemos nos limitar a nada quando se quer realizar um sonho!
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